Nos próximos dias e em vários países do mundo, sendo sem dúvida o Brasil o mais famoso,festeja-se o Carnaval.
Não vou estar aqui a debater a razão pela qual esta festa onde se come, bebe e vive de formairresponsável e se participa em alegres celebrações e numa busca incessante de prazeres efémeros deve ficar de fora dos nossos planos - isto parece-me tão óbvio que o único motivo de espanto é que assim não seja também em outras ocasiões ao longo do ano; nem tampouco quero recordar as origens pagãs (onde é que já vimos isto?!) desta festa, rapidamente adaptada às diferentes culturas onde se instalou.
O que é mais uma vez evidente, é esta tendência humana de esquecer o mundo inteiro,ignorar propositadamente a realidade que existe à nossa volta, deixando-se embriagar por uma loucura por vezes fascinante que entope os sentidos, mas cujo conteúdo é por demaisleviano e profundamente hedonista.
Ainda há poucas semanas, lamentávamos e chorávamos por uma catástrofe natural que, de um momento para o outro, arrastou centenas de pessoas para a morte. Constatamos novamente que neste mundo nada é certo e tudo se desmorona rapidamente sem termos tempo de reagir minimamente. Percebemos como a própria sobrevivência é por vezes a única coisa pela qual podemos lutar. E como é que reagimos a tudo isso? Simplesmente, escolhemos esquecer a triste condição humana na qual nos encontramos e nos entregamos a uma onda de euforiaque, embora saibamos que logo passará, aceitamos como que para nos fazer acreditar que omundo é sempre belo, a vida é totalmente garantida e, lá no fundo, tudo estará bem...
Mas, não estará. E por isso, não adianta fantasiar a realidade com a excitação dos sentidos; não adianta fazer uma distribuição massiva de preservativos numa tentativa de diminuir as consequências, ao mesmo tempo que se justifica a imoralidade; não adianta cantar de alegria, se logo de seguida voltamos a chorar sem esperança; não adianta dançar em júbilo, se logo de seguida ficamos estarrecidos e perplexos com a crueldade da vida real...
Mesmo que disso não se aperceba ou não se queria aperceber, para a sociedade os festejos de Carnaval são um disfarce, um logro consensualmente produzido e aceite. Em vez de enfrentar a realidade e colocar os pensamentos na Solução, mascara-se o problema com um inebriante aspeto de contentamento supremo, que de permanente nada produz. Não querer ver isso, éinsistir num caminho de mentira, falsidade e imaginação.
Na semana seguinte às festas, tudo será como na anterior, e todos veremos que estas palavras são a descrição do que se passa na vida de cada um destes enganados. Exceto aqueles que têm um Amigo que não é deste mundo e Nele colocam as suas alegrias e festejos.
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